Seguimento e reabilitação motora e visual de crianças com microcefalia e infecção congênita pelo vírus Zika

A infecção pelo vírus Zika (ZIKV) tem sido a causa de um dos surtos epidêmicos infecciosos mais desafiadores em todo o mundo, tanto cientificamente quanto socialmente. Depois de passar quase despercebida por mais de 70 anos, em menos de um ano se espalhou rapidamente pela América Latina e Caribe (ALC), sendo associada a um aumento de casos de microcefalia e malformações cerebrais fetais (4-7). O ZIKV também tem sido associado a um aumento na incidência de doenças neurológicas, como a síndrome de Guillain-Barré (GBS) (8, 9). Uma revisão sistemática encontrou evidências suficientes para concluir que o ZIKV é um causador de anomalias congênitas, sendo reconhecido como um novo teratógeno, e é um fator desencadeante da GBS (10).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a propagação do ZIKV uma emergência de saúde pública de preocupação internacional (PHEIC) em fevereiro de 2016 (11); nove meses depois, a PHEIC terminou, com a OMS anunciando que o ZIKV e suas consequências representam um desafio substancial de saúde pública que exige mecanismos em longo prazo para a resposta global, como para outras ameaças de doenças infecciosas.
Muitas questões permanecem sobre os resultados da infecção pelo ZIKV na gravidez, incluindo a frequência e os fatores de risco para a transmissão vertical, o risco de resultados adversos da gravidez e a história natural da infecção congênita por ZIKV. Vários estudos estão em andamento que acompanham prospectivamente todos os bebês nascidos de mulheres com infecção recente por ZIKV, juntamente com um grupo de controle de bebês nascidos de mulheres sem marcadores de infecção por arbovírus durante a gravidez; tais estudos permitirão descrever todo o espectro da infecção congênita, incluindo sequelas posteriores.
Crianças com microcefalia e Síndrome Congênita do vírus Zika possuem muitas complicações clínicas e necessidades de reabilitação, nos primeiros 10 anos de vida. Complicações e sequelas de longo prazo não são conhecidas, logo analisar o seguimento e perfil de morbimortalidade de crianças com Síndrome Congênita do Vírus Zika e avaliar e as condições de reabilitação motora e visual dessas crianças, nos primeiros 10 anos de vida é o principal objetivo deste projeto.
Objetivos Específicos:
- Caracterizar o perfil clínico e de desenvolvimento neurológico/motor de crianças com SCZ;
- Caracterizar o perfil de adoecimento e dados de morbimortalidade em crianças com SCZ, nos 10 primeiros anos de vida;
- Coletar dados relacionados ao acompanhamento de cuidados e descrever as sequelas em longo prazo e manejo em crianças com microcefalia e SCZ;
- Avaliar as sequelas motoras de crianças com SCZ e os impactos das reabilitações realizadas;
- Avaliar as alterações visuais e a resposta a terapias de reabilitação visual em crianças com SCZ;
- Identificar condições de inserção escolar das crianças nascidas com SCZ em Salvador;
- Realizar atividades educativas e de treinamentos em reabilitação para os cuidadores das crianças com SCZ.