Fiocruz Bahia participa de projeto para combate à tuberculose e outras doenças infecciosas entre a população carcerária

Fruto da parceria entre a Fiocruz Bahia e o Instituto de Pesquisa em Populações Prioritárias (IRPP), do Monster Institute for Education and Research , o Programa de Eliminação da Tuberculose no Sistema Prisional da Bahia (PETSP-BA) tem como objetivo interromper a transmissão da tuberculose no sistema prisional do estado por meio de testagem em massa, diagnóstico precoce, tratamento integral e implantação de uma plataforma digital de vigilância epidemiológica em tempo real.

A iniciativa, que conta com o apoio da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia (SEAP-BA), da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), do Ministério da Saúde e da Faculdade de Medicina Zarns Salvador,  combina ciência aplicada, inovação tecnológica e gestão pública, fortalecendo o cuidado em saúde prisional e gerando evidências capazes de orientar políticas públicas sustentáveis de eliminação da tuberculose.

Embora o foco principal seja a tuberculose em todas as formas: latente, assintomática e ativa, o PETSP-BA também realiza rastreamento para HIV, sífilis e hepatites B e C, adotando uma abordagem integrada das doenças infecciosas socialmente determinadas. Essa integração amplia o alcance do projeto e contribui para fortalecer a atenção integral à saúde no sistema prisional.

Iniciado em 2024 e com duração prevista até 2029, a fase piloto do projeto está sendo conduzida na Penitenciária Lemos de Brito (PLB), no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador — a segunda maior unidade prisional da Bahia. Após a fase inicial, o programa será expandido para cerca de 26 unidades prisionais, beneficiando mais de 12 mil pessoas privadas de liberdade em todo o estado. As unidades foram selecionadas com base em critérios epidemiológicos e estruturais, priorizando locais com alta densidade populacional, maior carga de tuberculose e estrutura mínima de atenção à saúde.

A triagem inclui todas as pessoas privadas de liberdade e profissionais que atuam nas unidades, assegurando abrangência, equidade e impacto coletivo. A execução do projeto envolve uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, biomédicos, epidemiologistas, técnicos de enfermagem, profissionais de laboratório, agentes penitenciários e gestores públicos.

Segundo a coordenadora do projeto, Drª Beatriz Duarte, pós-doutoranda da FIOCRUZ-BA, essa é uma ação concreta de justiça social e de fortalecimento do SUS. “Diagnosticar e tratar a tuberculose nas prisões é enfrentar uma das mais profundas iniquidades em saúde e transformar evidências científicas em políticas públicas. A união entre o IRPP/MONSTER, a Fiocruz, a SEAP e a SESAB demonstra que o compromisso com a ciência pode e deve caminhar junto com o compromisso com as pessoas. O PETSP-BA é um passo decisivo para garantir que o direito à saúde alcance também as populações mais vulneráveis e invisibilizadas”.

O co-investigador principal e pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno Bezerril, destacou a importância de realizar testagem em massa, diagnóstico precoce e tratamento integral para a população carcerária. “O meu compromisso é garantir o rigor metodológico, a qualidade laboratorial e a integração de dados clínicos e epidemiológicos que sustentam decisões acertadas, mas o protagonismo é das equipes de campo, dos profissionais da saúde prisional, dos parceiros públicos e das pessoas que confiam o próprio cuidado ao SUS. Em cinco anos, queremos deixar um legado: rotinas sólidas, tecnologia a serviço do cuidado e uma rede preparada para interromper cadeias de transmissão”, afirmou.

 

Por: Dalila Brito

Publicado em: 17/11/2025

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